Relato de Trip: Maria Carolina

Irmaxs,
Na última sexta-feira participei de uma cerimônia xamânica de ayahuasca e como prometido venho aqui compartilhar com vocês.


Como todos já devem saber, a medicina age de uma forma muito particular em cada ser é comigo não foi diferente. Fui com o propósito de cura e perdão a mim mesma sempre visando a evolução espiritual. Logo na primeira dose já senti a força da medicina agindo em mim.... No início, já de olhos fechados, entrei em um estado de meditação profundo e tive flashs na cor verde, era a medicina alertando sua chegada a mim. Deitei. Ainda de olhos fechados senti meu corpo sendo "embalado" pela música xamânica que ao fundo tocava e pela própria força em si. Mentalizei minha intenção, a cura. Então, vi seres de outras dimensões, sem qualquer referencia humana, seres totalmente desordenados, diferentes e incríveis. Eles trabalhavam no meu corpo. Relaxei e me permiti ser curada por eles. Senti que eles estavam alinhando meus chakras e, senti um queimor muito forte na testa, no meio dos olhos... ou seja, no terceiro olho. Trabalharam intensamente nele. Em seguida, tive a certeza de que a vida não acaba aqui. Que estamos na terra de passagem e que essa não é a nossa casa. Reconheci como sou pequena diante da grandeza do universo. Como eu achava que sabia mas não sabia de nada. Mi corpo tremia com a energia que entrava em mim. Deixei entrar. Quando percebi que valorizava demais o tremor, parei. Vomitei poucas vezes. Reconhecia que era uma limpeza e deixava ela vir.... quando percebia que estava começando a valorizar demais a limpeza, tirava o foco. E então a ânsia de vomito logo passava. Tinha uma fogueira no meio da roda com o homem fogo cuidando com muito carinho da energia dela. Agora de olhos abertos, embalada pela voz do xamã que falava algumas mensagens incríveis sobre a vida, tive mirações de que estava numa aldeia indígena. As próprias pessoas participantes da cerimônia se transformavam em índios, alterando a forma de seus corpos. Senti que estavam regressando a vidas anteriores. INCRÍVEL! Um dos participantes, que se transformou em um índio, se aproxima da fogueira e se agacha...um índio nato. O xamã continua a falar coisas lindas e eu me senti voltando no tempo. "Que experiência!" Repetia a mim mesma. Admirava muito os participantes que de alguma forma já conseguiam interagir nesse estado alterado e desejei que um dia chegasse a isso. Me senti insegura e sozinha... e então me veio a intuição de que estamos sozinhos sempre, em nossas escolhas e consequências. Que a caminhada espiritual é solitária de certa forma. Que a minha evolução é solitária. É chegada a hora de tomar a segunda dose e ainda muito impressionada com o que se passou na primeira optei por não tomar a segunda... senti um desconforto grande no estômago quando ofereceram a segunda dose. Aos poucos o efeito foi passando, enquanto os participantes presenciavam peias e momentos de iluminação... de tudo um pouco. Muita chuva... alguns sentindo a chuva, a mata... apenas observei com muita admiração e respeito. É chegada a hora da consagração do rape. Outra medicina sagrada composta por tabaco e outras substâncias naturais. Decidi consagrar já que estava me sentindo bem novamente e já tinha digerido tudo que aconteceu até então. A sensação do rape no início foi realmente desconfortante. Nariz ardendo muito é aquele desespero por ter que respirar só pela boca. Sentei na cadeira e relaxei, pedi por cura! Cura da minha sinusite e outros problemas de saúde. Comecei a espirrar descontroladamente. Senti que era uma purga. Deixei vir e ir. O rape me deixou com o corpo leve e sereno. Adorei. E por fim, a última dose da noite. Optei por tomar essa, já que me sentia bem. Essa ultima dose foi muito sutil... tive pensamentos leves sobre resoluções de assuntos pessoais. No geral, a mensagem que mais me marcou foi: "se não for olhar com amor, não olhe. Se não for falar com amor, não fale. Se não for sentir com amor, tocar com amor, não sinta, não toque." Incrível pois me tocou de forma muito especial. Durante toda a cerimônia, sempre que pensava nas coisas "erradas" que já fiz na vida, vinha a medicina de uma forma muito carinhosa e me ensinava que não sou mais aquela pessoa. Que eu não poderia mais carregar essa culpa pois estaria carregando a culpa de outra pessoa. Que precisava me permitir trocar de casca. Achei incrível porque quando eu achava que ia entrar em peia, vinha a medicina e me dizia: "nao filha, você não precisa disso. Você reconhece o erro e aprendeu com ele. Deixe ir. Novos erros virão." O xamã que é terapeuta xamânico abriu espaço para conversar particularmente com 3 pessoas participantes da cerimônia. De pronto me dispus e fui a ultima delas. A conversa foi incrível e pessoal... no geral, ele ficou admirado com minha clareza sobre o que precisava fazer para evoluir nesse estágio da minha vida e só confirmou tudo que pensava. Nos abraçamos e agradecemos pelo momento além de ter me convidado para a próxima cerimônia que irá acontecer ao final de janeiro. Depois disso, houveram mais alguns momentos coletivos de dança e cantoria... no momento eu só conseguia sentir gratidão e amor. Finalizamos o trabalho e agradecemos aos irmãos pela experiência compartilhada. Por fim, queria deixar registrado a minha admiração por essa planta do poder que me tratou como se fosse uma filha... senti o tempo todo como se uma mãe cuidasse de mim e me mostrasse os caminhos e suas consequências. Sempre aconselhando, nunca ordenando. Se mostrou de forma sutil e tranquila pra mim... acho que sabia o "medo" que eu poderia sentir se tivesse vindo de outra forma. Ela queria que eu confiasse nela. Que eu sentisse a confiança que eu queria sentir. Senti que ela quer q eu retorne à ela. E retornarei. Haux!

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